Voar

Aprender a ir
Aprender a deixar de Ter
Somente Ser, é isso.

Amém.
Gratidão, por cada vírgula.

Noh

Derrama pelos dedos e sacia meus olhos.

A escrita é desabafo, é entrega, é pornografia de letras estranhas. Eu já não sei o que faço, o que penso, é misto, é sobe e desce, é devorador e ao mesmo tempo algo tão silencioso que minhas pernas, bobas pernas tortas vibram, se aquecem e juntas se contorcem para deixar subir o que há de quente dentro de mim. Eu o queria aqui, eu o queria agora, deitado no sofá, no chão, sentado na cadeira da cozinha, sorrindo, rindo dos meus olhos famintos. Fome dele, de mim, da vida, do vinho na geladeira. Eu o queria dentro do meu coração, com jardim, porta e lampião na sacada, eu o queria de verdade, mas a verdade já não é certa, já não existe, ja passou. Onde mora a distância heim, o que é longe, o que é perto, o que é meu ou seu, onde mora o nosso, onde mora a vida, meu coração, minha luz, meu repouso. Eu choro em dias assim, eu sinto cheiros, temperos por todos os cantos, eu sinto as flores, a paz do silêncio que dorme e do lar que descansa. Vazio bom, batida boa, é hora de dormir.

Noh Gomes